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sábado, 1 de setembro de 2018

O ÚLTIMO A SAIR APAGUE A LUZ




Tudo bem, só que o interruptor não funciona e é preciso entrar com um protocolo na concessionária de energia para solicitar uma averiguação, ainda a ser agendada, a fim de determinar a real causa do problema. 

Há apenas três (e não quatro) parafusos fixando o espelho do interruptor na parede - um forte indício para que se cogite crime de apropriação indébita. Suspeitas recaem ainda sobre um certo ex-presidente, que teria se apoderado do referido parafuso semanas antes de deixar o Palácio, escondendo-o em um sítio no interior de São Paulo.

A esquerda argumenta que apagar a luz é ato arbitrário, de natureza unilateral, não condizente com a moderna democracia que o país vem se esforçando por consolidar nos últimos anos. 

A direita rebate de forma veemente a insinuação, afirmando que o problema de mau contato apresentado pelo aparelho se deve à polarização provocada pelas alas mais radicais dos socialistas, fazendo com que o polo positivo e o negativo entrem em curto, causando um apagão ao mesmo tempo energético e ideológico. 

Já o Centro aponta para uma solução conciliadora do tipo “dimmer deslizante”, para que a transição entre a escuridão e a iluminação a plena carga se dê de forma suave e gradativa, sem traumas para a coletividade e preservando nossos mais caros e autênticos valores institucionais. 

Há, entretanto, uma forte corrente apartidária que sustenta não ser possível apagar algo que há muito não está mais aceso, já que o país demonstra crescente inadimplência não só no que diz respeito às suas demandas energéticas, mas também nas contas públicas de gás, água e telefone. 

A verdade é que um apagar geral de luzes produzirá uma nação vulnerável em suas fronteiras e em sua soberania. Nisso concordam todos os analistas políticos e econômicos. A literal penumbra resultante dará ensejo para que milhões de cidadãos cubanos e venezuelanos abandonem seus paraísos de origem, pensando que ao agirem assim estarão retribuindo o bem que nosso "pai dos pobres" fez a Chavez e a Fidel em outros e nebulosos tempos. 

Note-se ainda que uma ONG, de notória tendência esquerdista, já tem engatilhado um instrumento jurídico contestando semanticamente a frase "O último a sair apague a luz". Argumentam os referidos trotskistas de que o termo "último" é segregacionista e discriminatório, por incumbir a uma única pessoa - no caso, a última a abandonar o recinto - uma tarefa que seria de todos. 



Imagem: NASA
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