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sábado, 11 de julho de 2009

BATATA QUENTE


A felicidade apareceu sem avisar que vinha, e aparentava ser daquelas que quase ninguém merece, mornas e duradouras. Assim que me assegurei ser ela mesma, fiquei na encolha só olhando as boas-vindas à hóspede.

De tão esperada, quando enfim presente não souberam o que fazer dela. Eduardo pensou em ciceroneá-la, apresentando à felicidade o que era o seu oposto: a lástima em que se debatiam. Lídia conseguiu demovê-lo a tempo, argumentando que a visitante se horrorizaria e jamais voltaria para visitá-los. Talvez nem tirasse as bagagens do carro, ela que veio com destino certo, mala e cuia para ficar boa temporada. E era o olhar de um a outro, a se perguntarem mudos em estalares de dedos e tremores de mãos: e agora?

Depois não vi mais nada: abandonei meu posto de observação no auge do impasse, enquanto a criada perguntava da janela se era para colocar ou não mais um lugar à mesa.

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