O CHULÉ DE HITLER
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É triste e embaraçoso. Viram o rosto e tapam ostensivamente
seus narizes com as mãos, à minha passagem. As pessoas se afastam, a repulsa
vai me isolando até o limite do insuportável. No meio da multidão, quase sempre
se abre uma clareira por onde ando, tamanho o efeito dessa bota malcheirosa.
Mas curiosamente consigo antever, nesse caminho que se abre, um sinal de
respeito e submissão pacífica. Uma reverência do povo para com seu líder.
Vamos, vamos, deixem passar o rei dos fedidos.
No colégio, Fohenstein, aquele de bigodinho ridículo e cabelo repartido que veio de Auschwitz, é o mais perverso. Do alto de seus coturnos ele me olha com cara de nojo, como se dos meus pés saíssem gases letais. Meu Deus, até onde vai a crueldade humana! Eu não tenho culpa se os fungos proliferam mais em mim do que na maioria das pessoas. Isso não faz da minha uma raça inferior, nem de Adolph um ser humano abjeto.
No colégio, Fohenstein, aquele de bigodinho ridículo e cabelo repartido que veio de Auschwitz, é o mais perverso. Do alto de seus coturnos ele me olha com cara de nojo, como se dos meus pés saíssem gases letais. Meu Deus, até onde vai a crueldade humana! Eu não tenho culpa se os fungos proliferam mais em mim do que na maioria das pessoas. Isso não faz da minha uma raça inferior, nem de Adolph um ser humano abjeto.
Que foi que eu fiz para merecer tanta perseguição? O que me
vale é a amizade de Takeshi e Albertini. Mesmo que todos se virem contra mim,
pelo menos esses dois eu sei que estarão ao meu lado, nem que o mundo um dia
caia sobre nossas cabeças.
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Marcelo Pirajá Sguassábia é
redator publicitário e colunista em diversas publicações impressas e
eletrônicas.
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Email: msguassabia@yahoo.com.br
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