BICICULTURA
À primeira vista, o cidadão desavisado pode se assustar, ao
deparar-se com um oceano de bicicletas ergométricas, todas alinhadas e ligadas
por cabos de força a imensos acumuladores de energia, situados próximos às sedes
das fazendas.
Essas aparentes academias de ginástica a céu aberto são na
verdade as maiores apostas do governo federal para fazer frente à crise na
geração de energia – dilema que se agrava ano a ano desde o tempo dos
Afonsinhos.
A ideia consiste basicamente na transformação em larga
escala da energia mecânica da pedalada em energia elétrica, libertando
finalmente o nosso país da perigosa dependência das reservas hídricas e da boa
vontade de São Pedro em mantê-las transbordando.
Nossos valorosos boias-frias abandonarão a labuta inglória
e primitiva de semear, adubar, carpir, colher e transportar a safra e
abraçarão, felizes, o bucólico ofício de pedalar. Ou seja, o que para muitos é
passeio ou modalidade esportiva, para eles passará a ser trabalho -
com a vantagem adicional de não terem mais a ameaça da agricultura mecanizada
sobre seus empregos.
Instaladas a 50 centímetros de distância umas das outras -
o suficiente para que os joelhos dos operadores não se esbarrem, calcula-se
como ideal um aproveitamento médio de 20.000 bicicletas ergométricas por
hectare, ou 48.000 por alqueire.
Autossustentável, a nova atividade produtiva destaca-se pelo
pleno aproveitamento dos subprodutos gerados. Um deles é o suor das
equipes de trabalho, que ao encharcar o solo hidrata as lavouras de
tomate,
batata, rabanete, beterraba e inhame plantadas entre as bikes e que servem para alimentar os ciclistas durante e após a faina diária. Esse alimento retorna à terra na forma de fezes, feitas ali mesmo pelos bikelavradores, o que potencializa ainda mais o bom desenvolvimento dos legumes e tubérculos, num circulo virtuoso e interminável.
batata, rabanete, beterraba e inhame plantadas entre as bikes e que servem para alimentar os ciclistas durante e após a faina diária. Esse alimento retorna à terra na forma de fezes, feitas ali mesmo pelos bikelavradores, o que potencializa ainda mais o bom desenvolvimento dos legumes e tubérculos, num circulo virtuoso e interminável.
As vantagens não param por aí. O dispendioso e quase sempre
nocivo
adubo utilizado em qualquer plantação será substituído por graxa ou óleo lubrificante nas catracas, os únicos insumos necessários para garantir a boa produtividade da nova atividade agrícola. Já o único defensivo exigido para a prática da bicicultura é a capa de proteção em nylon sobre cada uma
das bikes, capaz de protegê-las das chuvas e da consequente ferrugem nos mecanismos.
adubo utilizado em qualquer plantação será substituído por graxa ou óleo lubrificante nas catracas, os únicos insumos necessários para garantir a boa produtividade da nova atividade agrícola. Já o único defensivo exigido para a prática da bicicultura é a capa de proteção em nylon sobre cada uma
das bikes, capaz de protegê-las das chuvas e da consequente ferrugem nos mecanismos.
Nas fronteiras dos latifúndios ciclísticos prevê-se, sempre
que possível, a implantação de unidades geradoras de energia eólica
em lugar das cercas de arame farpado. Com elas, o empreendedor extrairá um
duplo benefício: a geração de kilowatts adicionais para venda às usinas e
a ação refrescante sobre os ciclistas, beneficiados com maior conforto e
bem-estar em sua luta pelo pão de cada dia.
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Direitos
Reservados
Marcelo Pirajá Sguassábia é
redator publicitário e colunista em diversas publicações impressas e
eletrônicas.
Blog:
Email: msguassabia@yahoo.com.br
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