ANGU À MODA DE DALI
Ah,
como foi flácido o fluir dos flocos de nuvens pagãs,
ficar de joelhos e estalar artelhos dentro da redoma. Quis um cafuné
despido de intenção para comer com pão no café
da manhã. Mas não estava são, como nunca estarei
- apenas maldizia em régua derretida e compasso de espera.
A cara metade a léguas daqui. A cara metida em downloads de lá. Teimo rabiscando sem mãos a medir nem pés a amparar, mesmo sabendo que nada restará exceto o jasmim de raras consoantes. Brancas, fofas, sem serifas que machuquem. Caem flutuando no texto e deixam-se ficar, sem mais o que fazer e dóceis de lidar.
Que
nada, quimera, que sina, pintassilgos de resina nessa piscina de
esperanto. Regrido aos idos das lascadas pedras, desvãos,
lodos e escaninhos por toda a inadequada geografia. Acesso de riso no
acesso da estrada, recém-asfaltada com pasta de anis e raspas
de misericórdia.
É
quando, de repente, tudo passa a destoar de Dostoievski. Incensa e
chora, lamenta e geme. À beira do Sena, a chanson se esvai em
acordes lácteos. Espana, gira em falso. Espanha, falsos Mirós.
Descem carradas de mouses de esgoto a farejarem rotos e a soltarem
arrotos sobre outros ratos. Entrementes, há mulheres lusas
ainda muito quentes, moídas por engano na bacalhoada. Uma
soneca no vinco do teu jeans, sob o embalo cômodo de Brothers
in Arms. Sem mais delongas, estimo melhoras.
©
Direitos Reservados
Marcelo
Pirajá Sguassábia é redator publicitário
e colunista em diversas publicações impressas e
eletrônicas.
Blog:
Email:
msguassabia@yahoo.com.br
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