ÊTA, UNIVERSÃO VELHO SEM PORTEIRA!
Imagem: wikimedia commons
Eu acredito em terráqueos. É muita pretensão pensar que nós,
extraterrestres, estejamos sozinhos nesse universo imenso. Isso contraria
qualquer lógica. Por que somente nós, ETzinhos horrendos, cascudos e disformes,
teríamos a regalia de sermos os eleitos da criação divina?
Creio piamente que há algo muito mais divertido, entre os
terráqueos, do que este nosso primitivíssimo e insípido sistema de
teletransporte. Coisas como carros movidos a combustível e autoestradas ligando
um lugar a outro, onde se possa aproveitar cada minuto da viagem e torná-la
mais lúdica e emocionante - desviando de buracos, parando em praças de pedágio,
encarando engarrafamento ou comendo uma coxinha no caminho. Eu diria que isso
sim é que é vida inteligente, ou, no mínimo, interessante.
Nós não morremos, não casamos, não nos reproduzimos
sexualmente, não temos conta para pagar nem fezinha na loteria para fazer. Só
ficamos de um ponto a outro desse universão de meu Deus, cruzando o cosmo na
velocidade da luz e sem encontrar coisa alguma que valha uma distração ou um
olhar mais atento. E o que é ainda mais triste: sem achar sentido nesse
vai-e-vem abestalhado, nessa expedição sem missão determinada.
Terráqueos sim, devem levar a vida, com afazeres que os
ocupam, preocupam e ajudam a matar o tempo. Há relatos (pouco científicos, é
verdade) de habitáculos denominados casas e apartamentos, onde os terráqueos se
abrigariam com seus entes queridos. E dentro deles há fêmeas com seios e
nádegas, partes anatômicas que as nossas desengonçadas ETzas nem imaginam o que
sejam, e que por certo lhes causariam uma inveja danada. Alguns dos nossos
juram ter feito contato com eles e afirmam que os felizardos cortam grama,
fazem churrasco, tiram fotografias das formaturas dos filhos e se deslocam
diariamente a lugares onde as tarefas que executam são trocadas por uns papéis
cheios de números e desenhos - que eles posteriormente utilizam para converter
em gêneros de primeira (ou nem tanta) necessidade.
Com exceção de alguns poucos privilegiados, que nada
precisam fazer para terem em abundância os tais retângulos com números, os
terráqueos lutam bravamente pela sobrevivência. Ah, minha Nossa Senhora da Ursa
Maior, como isso seria maravilhoso para combater o tédio eterno que nos
atormenta! Tudo bem, sei que sou só um ET lunático, mas não tenho culpa se
insisto em sonhar com outras formas de vida. Enquanto esse acalentado encontro
não acontece, deixa eu botar os pés no chão, passar na locadora e alugar pela
enésima vez "T, o Terrestre", para assistir no DVD do OVNI.
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