EVOLUÇÃO DO HOMEM - A ERRATA
Imagem: wikimedia commons
A ciência acaba de comprovar, agora oficialmente, aquilo que
todas as evidências demonstravam: o homem não é o macho da mulher, da mesma
forma que a mulher não é a fêmea do homem.
Passado o espanto inicial da descoberta, é preciso
reconhecer que isso explica muita coisa. Para começo de conversa, chegou-se à
conclusão de que o
que ocorreu na verdade foi a extinção ou o
não-desenvolvimento, ao longo da escala evolutiva, do macho da mulher moderna.
Um descompasso onde notou-se fantástica evolução do gênero feminino, num dado
período de tempo, concomitantemente a uma inexplicável involução do bicho
homem.
Trocando um pouco mais em miúdos e em linguagem leiga o
longo e minucioso estudo, podemos dizer que o homem das cavernas teve a sua
mulher das cavernas, o pitecantropo teve a sua pitecantropa, o neanderthal teve
a sua neanderthala, o homo sapiens teve a sua fêmea sapiens e daí em diante
deu-se o surgimento da espécie que o estudo denomina mulieris
modernensis - que continuou se acasalando com o velho homo sapiens por
absoluta falta de opção, já que este ficou marcando passo física e
intelectualmente. A causa do ocorrido, entretanto, ainda é um mistério para os
cientistas.
Daí tantos divórcios e casamentos fracassados, a ponto da
separação tornar-se praticamente a regra dos matrimônios. O que leva a crer que
os raríssimos casamentos que dão certo se devem a um destes fatores: ou homens
um pouco mais evoluídos que a média, ou mulheres menos.
Algumas peculiaridades nos caracteres sexuais secundários e
nos hábitos observados ofereceram valiosos subsídios para que a ciência
chegasse à conclusão ora divulgada. A densa pelagem masculina, a maior
truculência nos gestos e atitudes, a proeminência do pomo-de-adão, a rudimentar
mania de deixar toalhas de banho molhadas sobre a cama e o fanatismo por
esportes violentos são alguns dos indícios a sustentar a tese de que o homem
está mais próximo do orangotango do que de sua própria esposa. Uma vez que
estes e outros fatos e comportamentos não encontram correspondência na fêmea
humana, a óbvia conclusão é de que homens e mulheres são espécies diferentes.
Mantida em sigilo até o momento pela comunidade científica,
a pesquisa antropológica e seu contundente resultado pode determinar uma convulsão
social sem precedentes. Alguns grandes expoentes do meio acadêmico sugerem que
dificilmente o documento será visto com apatia ou indiferença, especialmente
pelos movimentos feministas. As mulheres podem reivindicar - e com abalizada
razão - a soberania sobre os desígnios do mundo e o domínio sobre o sexo
masculino, mantendo os homens cativos ou na condição de animais domésticos. Já
os homo sapiens, que de sapiens têm na realidade muito menos do que supunham,
provavelmente se organizarão num grande levante mundial contra a dominação
feminina, lançando mão de tudo o que estiver ao seu alcance - de armas bélicas
as mais diversas até esquecimentos coletivos de aniversários de casamento.
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Marcelo Pirajá Sguassábia é
redator publicitário e colunista em diversas publicações impressas e
eletrônicas.
Blog:
Email: msguassabia@yahoo.com.br
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