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segunda-feira, 17 de agosto de 2020

PARANOIAS PANDÊMICAS - 2: COMO FICAM OS RETRATOS FALADOS???

 


O dilema da ANARFA - Associação Nacional dos Autores de Retratos Falados



Se antes os assaltantes e assemelhados usavam máscaras para não serem reconhecidos, agora usam também para não serem contaminados. Faz sentido, ladrão também é gente e preza pelo próprio bem-estar.



Ocorre que o fato de usarem máscaras os confundem com milhares de outros indivíduos de biotipo semelhante, e que ganham a vida honestamente. Como todos os bípedes do planeta andam saracoteando por aí com a cara encoberta nos últimos meses, o reconhecimento é missão impossível.



O dilema se estenderá, sem dúvida, às Secretarias de Segurança Pública - que, dentre outras atribuições, emitem os RGs. Com todos usando máscaras, as fotos dos documentos de identidade por questão de coerência também devem ter o cidadão mascarado, já que é assim que ele anda pelas ruas e desta forma deverá ser identificado. A situação chega a ser paradoxal: para cometer com "segurança" um delito, o meliante deverá tirar a máscara e mostrar o rosto, a fim de não ser reconhecido!!!!! Alguém já parou pra pensar nisso?



Ficamos exponencialmente mais vulneráveis. Tampouco é válido o argumento de "situação transitória" para o uso da máscara , já que o bicho parece ter vindo de mala e cuia, para ficar uma boa temporada.



Legítima representante da categoria, a Associação Nacional dos Autores de Retratos Falados teme, por motivos óbvios, um desemprego galopante dos associados. Sinais característicos da boca, do nariz e do queixo deixam de denunciar a provável identidade da pessoa. Restariam apenas os olhos e o cabelo como identificadores, e consequentemente os retratos falados perderiam muito de sua efetividade como instrumento de investigação.



Aí surge outra questão: as máscaras igualam a todos, milhões de indivíduos usam máscaras semelhantes na cor e no formato. Como resolver isso?











E AS NOVAS TECNOLOGIAS DE RECONHECIMENTO FACIAL?



A Federação Brasileira dos Desenvolvedores de Softwares de Reconhecimento Facial - FBDSRF (eles bem que tentaram, sem sucesso, criar uma sigla mais sonora), já assume como natimortos os programas desenvolvidos até o momento, e que nem bem adentravam ao mercado quando eclodiu a pandemia.



Alguns programadores mais otimistas, entretanto, alegam que bastam pequenos ajustes nos parâmetros de reconhecimento. Critérios como a distância do elástico esquerdo da máscara ao nariz do usuário ou a estrutura molecular do tecido. Nesta última hipótese, temos também dois importantes limitadores da eficácia: a identificação exige que a máscara seja sempre a mesma e que a estrutura do pano não se altere, independente do número de lavagens a que for submetido.



Um cientista ucraniano, de renome mundial, sugeriu a possibilidade de um código de barras estampado no tecido, porém as sucessivas lavagens em água sanitária e sabão tendem a borrar o código e torná-lo ilegível pelos sensores. O impasse prossegue, sem perspectiva de solução a curto prazo.









Esta é uma obra de ficção.

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Foto:https://unsplash.com/photos/IxW2erjGO7U Pavel Anoshin

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