FRANCISCO
Imagem: mercadolivre.com.br
O que o Chico Buarque ouve? O que o Chico Buarque lê? O que
e quem o Chico Buarque come? De quanto seria o lance inicial de algumas caspas do
homem, colhidas por um garçom na mesa de um café de Saint Germain em um obscuro
outono dos anos 90? Para quem seria o seu primeiro pensamento, ao acordar da
soneca vespertina após o risoto com tinta de lula regado a vinho? Já teria ele
falado com alguma atendente de telemarketing, que esqueceria os gerúndios,
gaguejaria e se perderia em seu script ao se dar conta de quem estava do outro
lado da linha? Seria PC ou Mac o ambiente onde salvara um primeiro esboço da
letra prometida para o Guinga musicar, e fadada à eterna inconclusão? Saberia
da existência de uma certa Carolina, de Itaquaquecetuba, que passados tantos
anos ainda guarda com ela toda a dor desse mundo? Cerdas duras, médias ou macias,
e quantas vezes ao dia? Agora, um pouco de escatologia: seria Chico um
praticante da automucofagia? Rimou, mas é de rimas que se faz um Chico. Ricas,
sem pé quebrado. Fala com o João Gilberto? Faz exame de próstata, dá comida ao
cachorro, mete-se com a vida alheia, se atreveria a desviar da caminhada no Leblon
para um suco de fruta do conde em Paquetá? O que haverá em seu lixo? Deixou
pronto seu epitáfio? Já tem uma opinião formada sobre o xará, Papa Francisco?
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