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sábado, 29 de dezembro de 2018

PODE ESCREVER!






Lista de resoluções de Ano Novo - 2016
- Perder peso (de 100, diminuir para, pelo menos, 80).
- Entrar em uma escola de idiomas para aprimorar segunda língua.
- Parar de engolir sapo no trabalho.
- Planejar viagem para a Europa.
- Correr 10 km por dia.
- Desativar perfil do Orkut e criar conta no Facebook.



Lista de resoluções de Ano Novo - 2017
- Perder peso (de 110 diminuir para, pelo menos, 100).
- Aprimorar a segunda língua, com curso grátis na internet.
- Mandar o patrão à merda e comprar uma franquia.
- Planejar viagem para Buenos Aires.
- Correr 3 km por semana.
- Abandonar o Facebook.



Lista de resoluções de Ano Novo - 2018
- Perder peso (de 128 diminuir para, pelo menos, 110).
- Aprimorar a segunda língua, assistindo a Oprah sem legenda.
- Tentar vender a franquia e, com o dinheiro, ser franqueado de outra marca e outro mercado.
- Planejar viagem para Itaquaquecetuba.
- Caminhar após as refeições.
- Abandonar o Instagram.



Lista de resoluções de Ano Novo - 2019
- Anunciar esteira, bike ergométrica e balança no Mercado Livre.
- Iniciar o aprendizado da terceira língua, já que a segunda eu não começo nunca mesmo.
- Passar o ponto onde funcionava a franquia e, com o dinheiro, começar a pagar o estoque encalhado para o franqueador. 
- Promoção "Viagem dos seus sonhos": preencher os cupons e depositar na urna do supermercado.
- Consultar o "Reclame Aqui" sobre aparelho de ginástica passiva.
- Abandonar o Tinder.




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domingo, 9 de dezembro de 2018

ARQUIMEDES E ISAC - VERSÕES ESTÚPIDAS




ARQUIMEDES

Pressentindo uma certa catinga de sovaco – consequência de suas intermináveis andanças sob o sol ardente de Atenas, Arquimedes recolheu-se à sua casa para um banho relaxante, em sua banheira de mármore de Carrara.

Antes que estivesse submersa sua volumosa barba, a água morna já entornava pelas beiradas para ensopar o piso.

Então veio a iluminação, que depois virou princípio: “Todo corpo mergulhado num fluido, e cujo fluido transborda, é sinal que quem transborda na verdade é a gordura desse corpo, que precisa ser eliminada ou diminuída para que venha a caber no recipiente - seja ele bacia, banheira, ofurô ou mesmo piscinas, em casos extremos”. O princípio não se aplica se, e somente se, ao invés do corpo ser mergulhado em fluido, este mesmo fluido venha a recobrir o corpo previamente instalado no recipiente. Desta forma, observa-se que a água, conforme enche o recipiente, vai envolvendo o corpo sem risco de transbordamento, a menos que se esqueça a torneira aberta.

O agudo senso investigativo do matemático estabeleceu também que o fenômeno é rigorosamente o mesmo independente da temperatura da água, e se esta é ou não tratada com cloro e flúor ou contenha sais de banho.

Uma vez observada e comprovada na prática, a descoberta encheu o sábio grego de orgulho, que pôs -se a gritar “Eureka!” por toda Atenas e arredores. Tamanho foi o esforço e o consequente gasto calórico produzido pela corrida que Arquimedes pôde mais uma vez constatar a validade do seu achado, já que a banheira não derramou água após a perda de peso do banhista com a maratona comemorativa.





ISAC

A letargia pós-refeição, que começou com uma porçãozinha de azeitonas e terminou com um licor café, levou Newton à frondosa macieira. A queda de uma maçã em sua cabeça foi o estopim para o estalo genial: o despertador concebido para as sestas vespertinas. 

Havia, porém, um obstáculo sério a ser contornado. Nem sempre a maçã prestes a despencar estaria na direção da moleira do dorminhoco, o que comprometeria a eficácia do invento. Foi quando o engenhoso Isac imaginou um funil de zinco envolvendo toda a copa da árvore e desembocando na cabeça do indivíduo recostado ao tronco. 

Mas nem tudo estava resolvido, já que o despertador só funcionaria em época de maçãs maduras. Ou seja, o sujeito não conseguiria despertar nos períodos de entressafra da fruta. 

Dessa vez, o desafio foi maior que o talento de Isac. Morreu pensando em um jeito de resolver a questão a contento. 





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sábado, 1 de dezembro de 2018

LUA, MINGUANTE LUA




Um pequeno passo para o homem, um salto gigantesco para a humanidade. Tinha instruções de Houston para falar pausadamente, com boa dicção.

Quanta xaropada chapa branca. Frase de efeito, só retórica para humilhar os russos. Mas vai amanhã mesmo para todos os jornais e enciclopédias. E eu vou assumir a autoria dessa imbecilidade. Terra, sua insignificante poeirinha cósmica, você parece ainda mais desprezível vista daqui de cima, sabia?

Posso até imaginar os bilhões de habitantes dessa bola azul flutuante, comemorando o feito das formas mais tolas possíveis. As champanhes que certamente estão ainda estourando na NASA, transbordando sobre os painéis de controle que podem entrar em curto a qualquer momento e me levar dessa pra melhor. 

E pipocam mais e mais as teorias da conspiração. Que a bandeira na lua não poderia estar tremulando pois aqui não venta, que a sombra que incide não sei onde não teria como estar batendo ali, etc, etc. Imagino daqui a uma semana o que já não terão inventado...

Estou cagando e andando, sendo que andar em território lunar é bem mais fácil, menos cansativo e menos perigoso que a outra atividade. Caminhar sem gravidade é uma delícia libertadora. Dar vazão ao número 2, uma aventura guiada por detalhadas instruções. 

Mas evitemos elucubrações escatológicas, que não é hora para isso. Não combina nada com o sentimento de orgulho americano. O fato é que perdi o sono depois da descida do módulo e dessa caminhadinha besta. O melhor da festa é esperar por ela, e no meu caso foram anos de espera, treinamento duro, sacrifícios familiares, centenas de milhões de dólares investidos pelo governo. Mas chegando aqui... cadê a emoção, o sentimento de conquista?

Não estou sentindo isso, não. O feito já não é novidade, mais algumas horas terrenas e todos os jornais do mundo, que estampam minha cara coberta pelo capacete, já estarão embrulhando taças de cristal em caminhões de mudança. 

Meus dois colegas dormem a sono solto, e nem por sonho julgariam possíveis essas minhas cogitações. Nesse instante, aprofundo a respiração, tento controlar os batimentos cardíacos e - quem diria - conto carneirinhos. Para ver se embalo e esqueço um pouco desse tédio insuportável. 



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