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sábado, 26 de janeiro de 2019

VENDE-SE ASSUNTO




- Uns vendem churrasquinho de gato, outros plano de saúde, raquete de matar mosquito, ponkan na beira da estrada, vaga na faculdade. Nós vendemos assunto, item em falta por aí. Cada vez mais em falta.

- Interessante. Bem sortido o seu estoque!

- Esse é o item mais caro aqui da loja - assunto para comentar no elevador do prédio, quando só estiver você e mais uma pessoa, faltando vinte andares para saltar no seu apartamento. 

- Compreendo. Substitutos para o "Será que chove?", né...

- Exatamente, aquele mesmo. Pode parecer banal criar assuntos para esse tipo de situação, mas não é fácil, não. Nossos criativos se flagelam aqui para conseguir sacar algo novo. E, claro, que soe natural e seja inteligente para se falar nesse tipo de ocasião embaraçosa. Ah, e temos assuntos disponíveis em duas versões: para puxar papo com mulheres e com homens, em elevadores com câmera de segurança e sem câmera de segurança. 

- Bem customizado o negócio.

- Antes que me pergunte, o pagamento é à vista, não aceitamos cartão. Assunto meu é sempre mercadoria de primeira qualidade. O que não falta por aí é lojinha que vende conversa fiada, para levar agora e pagar quando puder. Mas entre uma conversinha fiada qualquer e um assunto relevante há uma grande diferença, meu amigo. 

- Sem dúvida, isso ninguém discute.

- Temos assunto para tudo o que você puder imaginar. Assunto para falar, para discutir, para filosofar, para analisar, para palestrar, para escrever... Enfim, sem assunto ninguém sai do meu estabelecimento. 

- Bacana.

- Veja você, com a internet, o pessoal comenta tudo quanto é coisa nas redes sociais. É o que eu chamo de banalização do relacionamento. Com o tempo, o que se tem a dizer se esgota e fica aquele vazio, que para alguns significa um passo para o suicídio. E pra gente é uma satisfação imensa colaborar para livrar tantas pessoas da morte prematura, sabe.

- E essa placa aí, "É proibido tocar no assunto"?

- Ah, é que tem cliente que não se contenta em ver os assuntos expostos na prateleira, tem que manusear. Isso muitas vezes estraga o produto, então resolvemos deixar esse aviso nos modelos que ficam no mostruário. Para ficar mais fácil o cliente se localizar, dividimos a loja em setores: política, economia, futebol, religião, curiosidades e por aí vai. Bom, como eu te disse, da minha loja ninguém sai sem assunto. Vou te presentear com uma lembrancinha por conta da casa. Qual setor você escolhe?




© Direitos Reservados

sábado, 19 de janeiro de 2019

JÁ CHEGOU MENSAGEM DELE




No era truque, isto ecziste. No era truque, isto ecziste. No era truque, isto ecziste. No era truque, isto ecziste. No era truque, isto ecziste. No era truque, isto ecziste. No era truque, isto ecziste. No era truque, isto ecziste. No era truque, isto ecziste. No era truque, isto ecziste. No era truque, isto ecziste. No era truque, isto ecziste. No era truque, isto ecziste. No era truque, isto ecziste. No era truque, isto ecziste. No era truque, isto ecziste. No era truque, isto ecziste. No era truque, isto ecziste. No era truque, isto ecziste. No era truque, isto ecziste. No era truque, isto ecziste. No era truque, isto ecziste. No era truque, isto ecziste. No era truque, isto ecziste. No era truque, isto ecziste. No era truque, isto ecziste. No era truque, isto ecziste. No era truque, isto ecziste. No era truque, isto ecziste. No era truque, isto ecziste. No era truque, isto ecziste. No era truque, isto ecziste. No era truque, isto ecziste. No era truque, isto ecziste. No era truque, isto ecziste. No era truque, isto ecziste. No era truque, isto ecziste. No era truque, isto ecziste. No era truque, isto ecziste. No era truque, isto ecziste. No era truque, isto ecziste. No era truque, isto ecziste. No era truque, isto ecziste. No era truque, isto ecziste. No era truque, isto ecziste. No era truque, isto ecziste. No era truque, isto ecziste. No era truque, isto ecziste. No era truque, isto ecziste. No era truque, isto ecziste. No era truque, isto ecziste. No era truque, isto ecziste. No era truque, isto ecziste. No era truque, isto ecziste. No era truque, isto ecziste. No era truque, isto ecziste. No era truque, isto ecziste. No era truque, isto ecziste. No era truque, isto ecziste. No era truque, isto ecziste. No era truque, isto ecziste. No era truque, isto ecziste. No era truque, isto ecziste. No era truque, isto ecziste. No era truque, isto ecziste. No era truque, isto ecziste. No era truque, isto ecziste. No era truque, isto ecziste. No era truque, isto ecziste. No era truque, isto ecziste. No era truque, isto ecziste. No era truque, isto ecziste. No era truque, isto ecziste. No era truque, isto ecziste. No era truque, isto ecziste. No era truque, isto ecziste. No era truque, isto ecziste. No era truque, isto ecziste. No era truque, isto ecziste. No era truque, isto ecziste. No era truque, isto ecziste. No era truque, isto ecziste. No era truque, isto ecziste. No era truque, isto ecziste. No era truque, isto ecziste. No era truque, isto ecziste. No era truque, isto ecziste. No era truque, isto ecziste. No era truque, isto ecziste. No era truque, isto ecziste. No era truque, isto ecziste. No era truque, isto ecziste. No era truque, isto ecziste. No era truque, isto ecziste. No era truque, isto ecziste. No era truque, isto ecziste. No era truque, isto ecziste. No era truque, isto ecziste. No era truque, isto ecziste. No era truque, isto ecziste. No era truque, isto ecziste. No era truque, isto ecziste. No era truque, isto ecziste. No era truque, isto ecziste. No era truque, isto ecziste. No era truque, isto ecziste. No era truque, isto ecziste. No era truque, isto ecziste. No era truque, isto ecziste. No era truque, isto ecziste. No era truque, isto ecziste. No era truque, isto ecziste. 

Estoy de castigo, tengo que repetir esto por toda eternidad.



© Direitos Reservados

domingo, 13 de janeiro de 2019

OS TUK-TUKS DE HAVANA


Pois então, ó pá. Não é novidade que o Tuk-Tuk encontrou em Portugal um habitat tão natural quanto sua Tailândia nativa. Pode-se dizer que ele está para Lisboa da mesma forma que o metrô está para Londres.
Raúl Castro que o diga, até porque testemunhou de perto essa realidade, nas recentes férias que gozou na capital lusitana.
Sabe-se lá por que estranhos circuitos neurológicos, os tuk-tuks dispararam na cabeça de Raúl uma improvável associação entre um problema premente de Cuba e outro da Venezuela.
No caso de Cuba, o lixão a céu aberto formado pelos carrões rabo-de-peixe anos 50, do tempo do Fulgencio Batista, que inexplicavelmente continuam rodando por Havana.
Já na combalida economia venezuelana, um cafezinho custa o equivalente a 3.000 litros de gasolina. Mesmo com o aumento de 6.000% no preço dos combustíveis decretado pelo Maduro em 2016, abastecer com 50 litros de gasolina aditivada o tanque de um Thunderbird, um Cadillac, um Plymouth ou um Bel-Air custa apenas R$1,20. Imagine quanto custava antes dos 6.000% de reajuste… é de se supor que o frentista oferecesse dinheiro a quem parasse para completar.
E foi ali, entre um pastel de Belém e um cálice de Ginjinha, que ocorreu ao maninho de Fidel o luminoso estalo. Alguns agentes da revolução se infiltrariam entre os fabricantes de tuk-tuk portugueses, trariam o know-how para Cuba e o governo de la isla se encarregaria de desativar algumas manufaturas de charuto para nelas instalar unidades de produção de tuk-tuks em larga escala – diretamente exportadas para o mercado venezuelano.
Uma vez na Venezuela, os tuk-tuks seriam encaminhados a parques fabris para a instalação de buzinas, onde a mão de obra utilizada seria 100% composta pelos médicos cubanos do extinto “Mais Médicos” brasileiro. Tal contingente, até o momento com uma mão na frente e outra atrás, seria “contratado” por Maduro e sua turma a 10 pesos/mês, sendo 2 pesos pagos ao médico e 8 retidos na fonte para envio a Cuba. Claro que essa triangulação logística para colocação de vuvuzelas bolivarianas seria dispensável, não fosse o empenho de Cuba em descobrir algum estratagema que desse continuidade à rentável entrada de recursos que o “Mais Médicos” proporcionava, no tempo das dilmas gordas.
Orgulhoso de sua perspicácia, Castro mandou ordens ao pau mandado que entrou em seu lugar para que seguisse à risca o plano arquitetado em meio às vielas lisboetas, sob risco de destituí-lo sumariamente caso se recusasse a colaborar.
Assim, a Venezuela, que tem gasolina saindo pelo ladrão, ficaria com os Bel-Airs e Thunderbirds e Cuba com os tuk-tuks. Faz sentido. O jeitão turístico dos tuk-tuks combinam muito mais com as belezas naturais de Havana do que aquelas imensas barcas enferrujadas e anacrônicas, sem peças de reposição e média de consumo de 500 metros por litro.
São vários os planos da Venezuela para utilização da sucata automotiva, além do mercado interno. Antes mesmo de implementada a ideia, fontes ligadas ao governo do bigodudo Nicolás já dão como certa a venda de um lote de 75 Oldsmobiles ano 1954 à cúpula do Partido dos Trabalhadores brasileiro – que há pouco teve de se desfazer de sua frota de Audis e Mitsubishis para saldar dívidas da milionária campanha de Haddad à presidência.
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Imagem: car-from-uk.com

sábado, 5 de janeiro de 2019

DESCOMPASSO EM ULTRA SLOW



No carrilhão da vó, o tic nitidamente mais audível que o tac. Parece sístole e diástole, um mais forte e outro mais fraco. Espelho que se esparrama e transcende frente a mim. Marca de expressão entre o nariz e a boca me faz virar um boneco de ventríloquo. Bobo da corte de um reino tolo, a se fazer de conta. 

" Pirulito que bate bate, pirulito que já bateu", ir atrás da origem disso é marcar touca, e talvez marcar touca não seja o que sempre pareceu. Vindas pela esteira, em linha de montagem, surgem em variadas cores e estampas para serem marcadas pelo pincel atômico. Acrescentar nexo aos poucos, para não empelotar e desandar toda a massa. Ao Bob a esponja, como diriam os antigos.

Olhar pousa em veio de mogno, mesa de contratos e arranjos, batizados e ceias a se perderem na bruma. E uma novilha eis que muge, em origamis galácticos.

Lágrimas de antes tarde ou quase nunca definitivamente não caem do nada - por alguma razão se está e se é assim ou assado. Livre arbítrio é livre abutre, let it be.

Assim falou Nicodemos, envolto em filós dourados. Havendo ou não semelhança com fatos ou faces reais, fique você à vontade para entender como quiser.


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Imagem: https://br.vazlon.com/relogio-carrilhao